O tema alimentação precisa ser pauta prioritária nos debates internacionais, a fim de que o sistema alimentar, formado por toda a cadeia de suprimentos, produção agrícola, equipamentos, distribuição e logística, possa atender as demandas de cada país, erradicando a fome no mundo. Contudo, na avaliação dos participantes do Agri-Food Business Day, promovido pela divisão de Agricultura e Commodities da Organização Mundial do Comércio (OMC), nos dias 8 e 9 de dezembro, para alcançar esse objetivo é fundamental uma maior cooperação entre os países e um sistema multilateral de comércio, que garanta a exportação e importação de grãos, proteínas, carboidratos e fibras.

“O comércio multilateral global é uma poderosa ferramenta para enfrentar a atual crise alimentar, pois contribui para uma melhor distribuição dos alimentos, uma vez que o mundo está conectado. Além disso, atende ao desafio de aumentar a produção de alimentos na próxima década para atender a demanda global”, afirmou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

Nesse sentido, ele afirmou que a OMC é extremamente importante para enfrentar os desafios atuais, ao valorizar e difundir a boas práticas sustentáveis e os métodos e tecnologias aplicados a partir de evidências científicas no agro, e ao trabalhar para diminuir a disseminação de leis e as regras protecionistas e precaucionistas.

De acordo com Anabel Gonzalez, diretora geral adjunta da OMC, a instituição não pode fracassar em seu objetivo de liderar as negociações internacionais de livre comércio, e os processos de reforma para regulamentar o comércio internacional devem continuar.

Carvalho enfatizou que o Brasil defende uma agricultura com livre comércio para melhorar a eficiência da distribuição de alimentos e para crescer a sustentabilidade no agronegócio. “Por isso, não é o melhor caminho a inserção de leis e regras unilaterais, sem base científica, que restrinjam a circulação de grãos, carboidratos, proteínas e fibras. Sem dúvida, o combate às mudanças climáticas e a diminuição do impacto ambiental são importantes, mas não podem ser usados como justificativas para imposição de medidas que não são aplicáveis, por exemplo, na agricultura do mundo tropical”, explicou.

As medidas protecionistas resultam em uma distorção no comércio internacional que terá graves consequências na questão alimentar e até econômica, na análise do presidente da ABAG, além de trazer prejuízos em termos de produtividade e de produção.

Jaine Chisholm Caunt, diretora geral da Associação de Comércio de Grãos de Alimentos (GAFTA), corrobora com a ponderação de Carvalho, ao destacar que é preciso a cooperação entre os países para vencer os desafios da fome e da nutrição. “O protecionismo não é bom, pois não é possível alimentar o mundo todo sem cooperação mundial. Por isso, espero que o comércio internacional cresça mais para liberar o fluxo de produtos pelo planeta”.

Já Alzbeta Klein, diretora geral da Associação Internacional de Fertilizantes (IFA), ressaltou que os países não se desenvolvem sozinhos e as restrições às exportações de fertilizantes e da negociação dos alimentos em âmbito global são entraves que precisam ser revistos. Para ela, o mercado de fertilizantes é um dos mais globais do mundo e as indústrias estão concentradas em algumas regiões devido aos minerais que são encontrados apenas nesses locais. Em termos de sustentabilidade, o setor pode diminuir o impacto na produção dos insumos e focar em biodiversidade.

Durante o evento, Agnes Kalibata, presidente da Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA), trouxe um panorama do agro no continente africano, destacando a necessidade de se ter sistemas produtivos sustentáveis que garantam o fornecimento de alimentos nos países daquela região bem como seja possível tirar benefícios econômicos para combater a pobreza. Ainda comentou sobre a necessidade de dar mais visibilidade aos países para que estejam integrados no comércio internacional transparente.

Desse modo, Gonzalez lembrou que a OMC está trabalhando para que todos os países possam ter acesso ao mercado internacional de alimentos, fomentando investimentos, produtividade e oportunidades. O painel de abertura foi moderado por Doaa Abdel-Motaal, conselheira sênior da divisão de Agricultura e Commodities da OMC.

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