O Código Florestal, aprovado com ampla discussão e certa polêmica, acabou se tornando um poderoso ativo para o agronegócio, tornando a sustentabilidade um importante insumo para o aumento da competitividade no campo. A avaliação foi feita pelo presidente da Abag – Associação Brasileiro do Agronegócio, Luiz Carlos Corrêa de Carvalho durante solenidade de encerramento do 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela entidade nesta segunda-feira (3), em São Paulo, e que teve como tema principal “Sustentar é Integrar”.
Ao fazer um balanço dos debates realizados no evento, Carvalho salientou a necessidade do Brasil celebrar acordos comerciais com países que sejam realmente importantes, acentuar seu papel de liderança e protagonismo no mundo e de desenvolver mecanismos de crédito que sejam condizentes com a realidade atual da produção agropecuária. “Ficou claro, nas várias palestras e debates realizados aqui hoje, a necessidade de termos uma legislação trabalhista mais atualizada e adaptada às reais necessidades do setor. Da mesma forma, temos de desenhar um modelo de crédito rural diferente do que foi instituído há 50 anos, quando tínhamos outra realidade produtiva no país. Hoje, por exemplo, alguns produtores plantam e colhem até três safras por anos. Temos de ter, portanto, mecanismos de crédito mais ágeis”, comentou Carvalho.
O deputado Marcos Montes, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, que participou do painel de encerramento do Congresso, denominado “Segurança Alimentar e Renda”, fez um alerta, ao comentar a atual crise econômica e política. “Temo que o Brasil, em função de um viés ideológico equivocado do Governo, provoque, no caso do agronegócio, um retrocesso que nos leve a perder todos avanços e conquistas dos últimos 30 anos”, afirmou Montes.
Para se evitar esse retrocesso, o parlamentar sugere que haja um maior engajamento do segmento, com participação mais ativa nas atividades políticas. “Ouvi aqui que estamos num momento de definirmos se seremos vítimas ou protagonistas desse processo crítico que enfrentamos. Penso que devemos optar por ser protagonistas, pois hoje o agronegócio é a salvação do país. Ele está no ápice do desenvolvimento comercial, tecnológico e produtivo, mas temos de manter a mobilização para questões importantes como a das regulamentações trabalhistas, ambientais e sanitárias”, observou.
Com essa análise concorda outro participante do painel, o consultor André Pessôa. Para ele, graças ao clima, a fartura de terra e competência de gestão do produtor brasileiro, o Brasil passou de importador de alimentos a um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, fibra e energia de biomassa. “Agora, não podemos ficar deitado em berço esplêndido, pois se nos acomodarmos, vamos perder terreno”, analisou Pessôa.
O advogado Renato Buranello, sócio do Demarest Advogados, que também participou do painel, acrescentou que o desafio hoje é ainda maior. “Temos de aumentar a logística e também a renda do consumidor. E isso considero tão difícil quanto se tornar um grande produtor mundial de grãos”, comentou Buranello.
Apesar dessas avaliações, a maioria dos participantes do último painel concluiu que o médio prazo do agronegócio brasileiro ainda é de otimismo. “No ano passado, embora a crise já se manifestava, nós plantamos e colhemos a maior safra de grãos de nossa estória. Agora, em 2015, também devemos plantar a maior área já plantada. O PIB só cresceu por causa do agro e as exportações só continuam crescendo por causa do agro. Temos ainda muito que evoluir”, conclui o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que participou do painel que encerrou o Congresso da Abag.
Comentários