Artigo escrito por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), para a Revista Agroanalysis (VOL. 42 | Nº 12 | Dezembro 2022)

“Separação de competências e respeito às autoridades”
Dom Fernando Arêas Rifan, CNBB

As eleições majoritárias de outubro de 2022 revelaram aos brasileiros um novo desenho: o Congresso Nacional tem a maioria conservadora eleita e houve uma variação de escolhas de partidos políticos para os cargos executivos, desde o Presidente da República até os Governadores, nos vários Estados.

Em dois turnos, para o cargo máximo executivo, a diferença dos votos foi muito pequena, com pouca alteração entre os dois candidatos no 2° turno.

Em termos matemáticos, a região Nordeste foi o pilar da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Sudeste e o Centro-Oeste deram mais votos ao presidente Jair Bolsonaro, mas não o suficiente em relação aos votos do Nordeste para o candidato do PT.

Em pleito tão disputado, pouco se falou de planos, mas muito se falou do passado.

Como se preparar para o futuro?

O agro tem a ver com o futuro, defendendo liberdade, participação proativa nos mercados globais, narrativas condizentes ao que de fato realiza na produção e a forma como encara suas responsabilidades. No entanto, pouco se ouviu sobre os planos para esse setor tão importante para a economia nacional. As expectativas sobre o que virá alimentam, em síntese, muitas incertezas e desconfianças.

Para quem planta enfrentando um clima volátil não é preciso ainda mais riscos ou inseguranças, além do enfrentamento de um mercado externo cada vez mais protegido. Exemplo disso é que o Brasil estará, já em 2023, tendo desafios com o novo plano “Green Deal” europeu, e a ausência ainda não justificada dos Estados Unidos nas instituições internacionais de grande relevância ao Brasil, como a OMC – Organização Mundial do Comércio. Enfrentará também as consequências da guerra quente entre Rússia e Ucrânia e a permanência da guerra fria entre Estados Unidos e China.
As reações populares do pós-eleição 2022 indicam claras dificuldades ao novo Executivo para governar, com manifestações em diversas cidades brasileiras. Também será complexo lutar com o ativismo jurídico do STF e um Legislativo bastante reformulado; um modelo de orçamento público bem concentrado nas mãos do Legislativo limita o processo negocial do Executivo, como antes fazia.

Serão dias difíceis que demandarão diálogo e uma construção muito vigiada que, no mínimo, recomenda um Ministério e Presidentes de Empresas mistas que sejam técnicos e competentes, com visão do Brasil do futuro.

Quem representa o povo são os que por ele foram eleitos. Assim se manifesta o sistema político brasileiro. À justiça cabe cumprir a Constituição, nada mais.

O balanço entre poderes precisa estar ajustado para a democracia desejada. O agro, essencial, precisa de paz para continuar competitivo.