A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) participou de reunião com Frans Timmermans, Vice-Presidente da Comissão Europeia, para discutir sobre o Pacto Verde Europeu, também conhecido como Green Deal, e temas da agenda bilateral, como mudanças climáticas, o acordo Mercosul-União Europeia e a insegurança alimentar global. A reunião foi realizada na última segunda-feira, dia 23 de janeiro, em Brasília.

O presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, representou a associação na reunião, que também contou com representantes de outras entidades do agronegócio brasileiro, dentre elas: CNA, CNI, Abiove, Aprosoja, Unica, Abiec, Ibram, Ibá e Pacto Global (UN) Brasil.

Em sua fala, Caio Carvalho, destacou que muitas das realidades europeias referentes ao Green Deal não são compatíveis com outras realidades globais, como clima, condições geográficas, entre outras, tampouco alcançam os objetivos globais de descarbonização desejados e se contrapõem aos princípios básicos de livre comércio.


“Em seu conceito básico, o Green Deal parte da situação de mercado agroindustrial de 2020 e não apresenta nenhuma abertura de novos mercados até 2050. Portanto, todas as medidas assumidas partem de um mercado fechado, com quotas, restrições, exceções. Se tivesse a premissa de abertura de seus mercados, obteria melhores resultados ambientais, energéticos e sociais”, comentou Caio Carvalho.​


Dito isso, por manter o mercado fechado, o Greel Deal acaba por onerar de maneira desnecessária o cidadão europeu, no que se refere aos alimentos, insumos e energia, aumentando a pressão social na Europa e estimulando movimentos radicais e populistas, e contribuindo para a insegurança alimentar europeia e internacional. Sem falar que dificulta a inclusão dos mais frágeis, como as Pequenas e Médias Empresas.


Por mim, comentou que o Pacto Verde Europeu também adota princípios de prevenção, não reconhecendo outros princípios de gestão de riscos utilizados por outras nações, o que burocratiza e torna o comércio internacional mais complexo, além de aumentar a insegurança pela interpretação não cientifica dada pelo julgador. Os princípios de prevenção são medidas unilaterais que se contrapõem à OMC e aumentam o potencial de insegurança e controvérsia. ​

Timmermans destacou a importância do diálogo entre o Brasil e a União Europeia, que acredita no revigoramento do Acordo Mercosul-UE e que a América Latina e a Europa precisam voltar a trabalhar com mais proximidade. Abordou bastante sobre o desmatamento e a visão crítica dos cidadãos europeus sobre o tema, e também falou da relevância da descarbonização e dos riscos de dependências. Por fim, colocou os especialistas da Comissão Europeia à disposição do Brasil para tratar tecnicamente sobre questões ambientais.

“Queremos entendê-los e vocês precisam nos entender…temos valores ocidentais juntos!”, disse o vice-presidente.

Frans Timmermans também é Comissário de Ação Climática da União Europeia, sendo responsável por liderar a transformação da União Europeia em uma economia de carbono neutro até 2050, reduzir as emissões até 2030, negociar questões climáticas e supervisionar a política alimentar e agropecuária da União Europeia, chamada Farm to Fork.