Na Fiesp, especialistas do agronegócio debatem as perspectivas para as cadeias produtivas do setor e caminhos para o Brasil aumentar a produção e as exportações

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

As perspectivas para as cadeias produtivas do agronegócio foram tema de debate na reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, realizada na segunda-feira (6/3), sob o comando do presidente Jacyr Costa. Na ocasião, especialistas fizeram um panorama dos segmentos mais importantes.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, explicou que, entre 2000 e 2022, a indústria brasileira de frangos, suínos e ovos gerou mais de US$ 169 milhões em receita cambial, com mais de 3,8 milhões de contêineres exportados. Somados, os setores geram mais de 4 milhões de empregos no Brasil e PIB de R$ 164 bilhões de reais.

O recorte dos dados aponta o Brasil como segundo maior produtor mundial de frangos, com 14,5 milhões de toneladas produzidas em 2022. O país é o primeiro exportador mundial e comercializou 4,8 milhões de toneladas em 2022, para mais de 150 países. Um terço da produção é destinada à exportação, sendo o restante para consumo local.

Quarto maior produtor mundial de carne suína, com 5 milhões de toneladas produzidas em 2022, o Brasil também é o quarto maior exportador mundial: 1,1 milhão de toneladas exportadas em 2022. A produção para o mercado interno é de 76%, e o restante vai para mais de 80 países.

Recordista de produção de ovos, com 52 bilhões de unidades produzidas em 2022, o Brasil é o quinto maior produtor mundial. Entretanto, o mercado interno consome quase tudo, representando 99,5% da produção.

Para Santin, o país precisa realizar mais investimentos e pensar menos em arrecadação. “Falar em imposto sobre exportação é uma loucura. Isso não pode acontecer. O que precisamos é de infraestrutura, de uma Reforma Tributária que mantenha a desoneração de folha, de mais competitividade”, observou.

A produção de carne bovina, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, superou a marca de 10 milhões de toneladas, sendo 3 milhões para exportação. “O faturamento em 2022 teve crescimento superior a 40%, com aumento na produção de 22% e quase 158% do preço médio.

“O Brasil não disputa o varejo nos Estados Unidos, mas é um grande fornecedor de carne para hambúrguer. Para este ano, no objetivo é entrar na Coreia do Sul, que é o quarto maior importador mundial, que pode contribuir muito para o ingresso como parceiro industrial”, disse Camardelli.

Em relação ao açúcar e ao etanol, existe um cenário positivo para 2023 e 2024, isso porque o álcool teve aumento na participação na matriz de combustíveis do ciclo Otto – um motor que funciona em quatro tempos e proporciona rendimento energético mais alto, por aproveitar a energia proveniente da queima do combustível nos cilindros.

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) Luiz Carlos Correa Carvalho entende que em um mundo com crescente insegurança energética, o Brasil precisa agir para tirar vantagem desse contexto.

“Os Estados Unidos precisarão do petróleo por pelo menos mais uma década. Porém, a oferta global de petróleo deverá diminuir drasticamente a partir deste ano. E o Brasil pode aproveitar essa oportunidade, mas precisa de sistema regulatório mais previsível e seguro no setor”, defendeu.

A avaliação sobre os grãos é positiva para o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuário e Abastecimento (Mapa), e ex-presidente da Conab, Guilherme Soria Bastos Filho. Os desafios superados foram a guerra na Ucrânia, em que houve aumentou no preço dos insumos, a elevação na taxa de juros e as interrupções no Plano Safra.

“Sem contar os efeitos climáticos, que levou à queda das margens. A boa notícia é que o Brasil mantém a liderança na exportação de soja e assumiu a liderança no milho, ganhando espaço com farelo e óleo de soja”. De acordo com as estimativas da Conab, a produção de grãos para 2022/23 deverá ser superior a 310 milhões de toneladas: quase 22% maior que a safra anterior.

Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Fonte: Fiesp