Artigo escrito por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), para a Revista Agroanalysis (VOL. 42 | Nº 11 | Novembro 2022)

 

“Uma vida sem desafios não
vale a pena ser vivida”
Sócrates

Em um ambiente político radicalizado, entre lados opostos e sem correntes de terceira via, as eleições de 2022 transcorreram em paz. Haverá o 2º turno à Presidência, alguns Governadores e importante mudança no perfil dos eleitos na Câmara e no Senado. O Agro elegeu seus candidatos, fortalecendo o seu movimento em favor do Brasil. Sente-se, assim, valorizado.

Enquanto isso na Europa, em conflito com a sua própria realidade de crise e recessão, de defesa do verde, mas estimulando energia nuclear e carvão mineral. Há, também, uma ausência norte-americana e um mecanismo de apoio chinês e indiano à Rússia em termos de compras de petróleo e gás, substituindo em volume as compras anteriores do petróleo e gás russos pela Europa.

De qualquer forma, as inseguranças alimentar e energética voltam com muita força nesse novo mundo, só que a luz do seu impacto, de forma estrutural e não apenas conjuntural. Isso pressupõe atender as questões vitais de comida, de menores emissões de carbono e de se buscar no hidrogênio verde o futuro da civilização em termos energéticos. De repente tem-se os pontos comuns da humanidade e pode-se passar a olhar o que está reservado ao Brasil para o Séc. XXI: protagonismo, atuando proativamente na defesa do trabalho multilateral das instituições internacionais; desenvolvimento tecnológico no Agro, trabalhando a agregação de valor no uso total das biomassas nas diferentes cadeias produtivas; atuação efetiva público-privada na plataforma veicular brasileira buscando do carro flexível híbrido ao carro que será movido pelo hidrogênio a bordo, via etanol, entre outras possibilidades.

Esses temas não têm cor nem respaldo partidário político. São essenciais ao futuro brasileiro e conectam o que há de melhor no país: ensino qualificado nas áreas de biologia, engenharia e economia.

O potencial exportador de alimentos, fibras e bioenergia de países como o Brasil atrai capital e merece realce. O fato é que o mercado externo é fator de expansão do Agro brasileiro pela sua capacidade competitiva, produção todo o ano e flexibilidade na oferta de produtos agroalimentares e energéticos. A palavra mágica é confiança nas regras do jogo, investimentos em tecnologias que melhorem a capacidade produtiva dos seus solos e plantas, carnes e fibras, entre outros. Há um enorme potencial em hidrocarbonetos e carboidratos, juntos e misturados, em pegadas de carbono reduzida em comparação com o que se tem no mundo temperado.

Neste mundo de mudanças, nem sempre com fatos, mas muito em discursos, o Agro brasileiro é bombardeado de narrativas contrárias, principalmente no radar dos interesses contrariados da União Europeia.

É neste mundo que precisamos rever nossa estratégia de atuação, até porque nada teríamos a temer em termos da forma de produzir, mas muito se não cuidarmos das ilegais derrubadas de árvores! É caso policial, de ações da justiça, sem o que fica muito difícil recuperar a imagem do país.

O dia pós eleições no Brasil deve trazer a Agenda de ações, para o Agro, onde se busque transparência e se procure estreitamento, Acordos e colaboração de países nessas ações de controle do desmatamento no país.

Esse será sempre um tema que obriga o Brasil a se posicionar em favor da Amazônia, não só lutando contra o desmatamento ilegal, mas, também, buscando a melhoria constante na qualidade de vida dos que lá vivem.