As transformações geopolíticas exigem do campo uma conciliação ainda mais profunda entre as agendas ambiental e de produção

O fortalecimento do agronegócio brasileiro passa pela integração. A união entre as cadeias produtivas, a iniciativa privada, o setor público, os agentes financeiros, a academia, e a sociedade são fundamentais para a construção de um todo, ou seja, a completude desse segmento pujante, vital para a manutenção da vida e mola propulsora da economia.

Quando há integração, é possível construir e lutar por objetivos comuns, fortalecendo as propostas e soluções e, com isso, fomentar um crescimento sustentável do agro brasileiro. As transformações geopolíticas dos últimos anos têm interferido na competitividade do agro nacional, exigindo a conciliação ainda mais profunda entre as agendas ambiental e de produção e a continuidade do uso de novas tecnologias e da ciência agronômica para a ampliação das boas práticas sustentáveis e aumento da produtividade.

Mesmo antes da pandemia de Covid-19, vivia-se uma Guerra Fria e, atualmente, atravessamos por uma “Guerra Quente”, que vem interferindo em diversas questões, até mesmo no combate às mudanças climáticas. Esse momento de “reglobalização” enfatiza a necessidade da retomada do protagonismo brasileiro nos acordos globais, em prol do fornecimento de alimentos, fibras e energia, garantindo a segurança alimentar e energética do mundo, e sendo mais proativo nas mesas de negociações, ainda mais por sua condição excepcional de grande produtor e grande exportador de produtos agropecuários.

O mercado de carbono mundial será uma realidade e sua regulamentação precisa da contribuição brasileira, pois o agronegócio será um dos setores que mais favorecerão as economias globais na mitigação e compensação das emissões, com potenciais de ganhos expressivos para os produtores rurais.

Mas, para estarmos à frente dessa discussão, o país deve mostrar com mais clareza o que tem sido feito pelo setor, mas também apresentar de forma individual o que tem sido feito por diversos produtores rurais e agroindústrias. Contudo, essa construção de uma comunicação eficiente passa por um trabalho a quatro mãos, entre público e privado, reforçando como o país desenvolveu tecnologias e sistemas para atender seu clima tropical, saindo de uma condição de importador de alimentos para uma agropotência. E isso modificou a realidade socioeconômica, elevando a renda e a oportunidade de trabalho da população.

Não há nenhum país do mundo com uma agricultura mais sustentável do que o Brasil. E essa realidade também está relacionada ao estabelecimento de leis como o RenovaBio, o PSA e o Código Florestal. Por isso o país deve seguir o caminho para fomentar programas que aliem a sustentabilidade com a produtividade.

Temos um futuro brilhante. A bioeconomia é um mercado que também deve crescer no futuro, assim como a próxima revolução brasileira estará na piscicultura e na água. Certamente, vamos passar a enfrentar um novo mundo e a integração de todos os agentes do agro junto com a sociedade e o poder público será fundamental para conquistar essa nova realidade.

Artigo de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG, para a coluna Vozes do Agro da Globo Rural.
Imagem: Vozes do Agro – Estúdio de Criação da Globo Rural