Artigo de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG (gestão 2022-2023) para a Revista Agroanalysis (VOL. 43 | Nº 2 | Fevereiro 2023)

“É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”
Carlos Drummond de Andrade

Antes de qualquer mensagem, um feliz 2023 a todos! Se as chuvas que aí estão trazem felicidade, desejo-lhes tempestades.

O ano de 2023 iniciou com novos governos, federal e estaduais, mas, com os velhos ritos e os mesmos vícios. O tempo não determina a mudança, mas o homem a faz. Tem saudades e recaídas, e procura alimentar seus sonhos, mas nem sempre os colhe: com facilidade temos pesadelos! Por isso, todos desejam paz, prosperidade, saúde, sorte e sonhos colhidos.

E 2023 repetirá seus antecessores no conceito humano, mesmo que em fase de mudanças acentuadas como o crescimento de países autocratas, que hoje são, que se conhece, 1/3 do total no mundo, do enorme endividamento dos países ricos e emergentes, do pano de fundo da guerra fria entre as duas maiores potências – Estados Unidos e China –, do conflito que parece longe do fim entre Rússia e Ucrânia, e do amargo gosto da pandemia.

Em 2022 a ABAG viu, com alegria, maior relação público privado nas questões globais que envolvem o Brasil e o claro reconhecimento do papel das mulheres no agro, enquanto o crescimento da economia era ofuscado pela alta da inflação e dos juros. O povo brasileiro nitidamente passa a se preocupar muito mais com a política e com o seu futuro.

O que pedimos ao Papai Noel? Paz, antes de tudo, além de fé e de esperança, valores humanos essenciais.

Em 2023, a ABAG fará 30 anos e se prepara para os festejos. Os plantios foram excelentes desde setembro/22 e o clima ajuda demais. Vamos colher grandes safras desse Agro, que é um só, mesmo que o poder público o divida em três, como definido pelo novo governo. Defendemos o conceito de um só agro e continuaremos trabalhando nessa direção.

É o momento de aquecer as lembranças e o percurso da instituição e do agro nesses 30 anos. Foi um sucesso raro, na história dos países. O Brasil é protagonista e será olhado como um agente de competição. Fundamentalmente ao mercado e aos consumidores, a competição nesses tempos bicudos poderá ser atropelada por protecionismos e precaucionismos. O unilateralismo alcança e enfraquece a OMC (Organização Mundial do Comércio), da qual os países emergentes são muito dependentes.

Nesse ano que apenas inicia, essa involução será muito sentida, tipo o “novo é a volta do velho”. Caberá muito o trabalho público privado na defesa do Brasil e do seu Agro. Caberá a busca incessante pela redução do desmatamento. Caberá sonhar.

O agro competente seguirá trabalhando, produzindo, colhendo competitividade, investindo e sonhando com evolução.