Em um mundo de redes sociais, streamings e podcasts as informações chegam de todos os lados, de forma rápida e muitas vezes de fontes pouco confiáveis. Vivemos um momento em que a quantidade de “Fake News” é cada vez maior e dificulta a nossa análise, todo mundo toma partido sobretudo e a opinião fala mais alto que a veracidade.

O país passou em 2019 por momentos delicados (político e econômico), e são nos momentos de crise que a eficiência da comunicação se torna ainda mais importante, como na crise das queimadas na Amazônia, quando informações inverídicas e acusações equivocadas invadiram as redes. Nessa ocasião, a sociedade bombardeou e foi bombardeada por informações superficiais e deturpadas, e em muitos posts a culpa recaiu sob o agronegócio.

Nesse caso o agro teve sua imagem prejudicada por conta de quadrilhas criminosas que atuam na ilegalidade na Amazônia, que roubam terras públicas e aumentam a insegurança jurídica. Mas, desta vez, o setor organizado e legal já tinha uma resposta para dar.

Na Climate Week, de Nova York e na COP de Madrid, com cobertura da imprensa do mundo todo, o Brasil apresentou a campanha “Seja Legal com a Amazônia”, iniciativa que pede o fim da grilagem e roubo de terras públicas na Amazônia, sem nenhuma nova ferramenta ou arranjo público, a campanha pede tão somente que as leis brasileiras sejam aplicadas. Cerca de 60% das florestas da Amazônia pertencem ao povo brasileiro. Hoje esse território vem sendo alvo de grileiros e organizações criminosas que invadem, desmatam e falsificam documentos para vender nossas terras com lucros vexatórios. Por isto, representantes do agronegócio e ambientalistas criaram a campanha para exigir que novas medidas sejam tomadas para combater estes crimes.

A sociedade atual está mais exigente e preocupada com as questões socioambientais, tempo chamado por alguns como a era da “utopia ambiental”, e que implica em mudanças na política externa, compromissos públicos, políticas de compra e principalmente numa comunicação correta, científica e pontual. Essa questão entrou em pauta nas mais diversas esferas, e não seria diferente com o agronegócio.

O setor já apresentou para o mercado internacional que alinha os processos produtivos à conservação ambiental, mas não basta só isso. Precisamos de mais eficácia, precisamos entender as demandas dos consumidores, precisamos dialogar com a sociedade que está mais ‘’distante’’ do agronegócio e que tem dificuldade de acessar informações confiáveis. Precisamos atuar juntos contra os ilegais, exigir leis iguais para todos.

O agronegócio precisa falar! Precisamos de mais iniciativas com a da Climate Week e da COP. Somos responsáveis por R$ 96,8 bilhões de exportações, o que representa 42,9% do total exportado no ano passado, além de proporcionarmos alimentação de qualidade para a mesa dos brasileiros e de garantirmos a segurança alimentar do país, e alinhamos tudo isso com conservação ambiental. Somente os produtores rurais preservam 25,6% das terras brasileiras com áreas de conservação. Precisamos nos aproximar de todos os públicos, precisamos desmistificar o setor, quebrar tabus, mostrar a força do agro, precisamos evoluir no discurso e na comunicação contra as ilegalidades, tanto quanto evoluímos na aplicação de tecnologias.

Artigo de Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da ABAG (2020)