A sociedade está cada vez mais sensível ao agronegócio brasileiro e suas dimensões econômicas, ambientais e sociais. Esse setor representa 25% do PIB nacional, é forte indutor das exportações e da balança comercial e gera cerca de 30 milhões de empregos, com sólidas perspectivas de crescimento nas próximas décadas.
O agronegócio, no lado técnico, fez progressos incríveis, como: desenvolvimento de variedades para os mais diversos cultivos; uso intensivo dos solos com o desenvolvimento de técnicas como a integração lavoura – pecuária – floresta (ILPF); sistemas de plantio direto e o aproveitamento integral da biomassa e dos biocombustíveis; agregação de valor via biologia e quimíca.
Do lado político e macroeconômico, porém, o momento é preocupante. Teremos um longo percurso a trilhar. Perdemos, nos últimos anos, as fundamentais estabilidades econômica e política, obtidas com o suor de todos. Dois aspectos chamam a atenção: a perda da estabilidade, mas, por outro lado, a força das instituições brasileiras.
O agronegócio, que vem obtendo recordes constantes nos últimos anos, sofre riscos de crédito, liquidez e mercado. A falta de logística pressiona os custos da produção com clima instável, diante de um ambiente político complexo, com protecionismo externo e paradigmas internos limitadores. Mas vale ressaltar a resiliência das instituições nacionais.
Vivemos uma fase de quebra de paradigmas na agropecuária, na energia e na comunicação, com o advento das redes sociais. Vemos uma revolução acontecendo a passos largos no agro com base em uma nova economia verde. Como descarbonizar os combustíveis já é meta global, intensificar e integrar a produção no Brasil será fato. Alimentos e agroenergia possuem forte e positiva sinergia, via modernização e renda no campo. A própria FAO atesta isso.
O fato é que o Brasil será demandado como o maior ofertante de produtos do agronegócio no mundo. Conseguimos superar as crises com olhos no futuro. Dentre os nossos desconfortos, enquanto o País mostra dificuldades para se viabilizar na globalização, o agronegócio carrega grandes oportunidades para desempenhar um papel de liderança e protagonismo. É essencial ter uma visão prospectiva.
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG (gestão 2011/2018)
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