Estudiosos e pesquisadores mudam cada vez mais o discurso tradicional quando olham para o agronegócio. Perde espaço aquela visão opaca do campo rural produtor de matérias-primas básicas para atender os mercados interno e externo.

Na verdade, não dá mais para entender a competitividade do País em cima do funcionamento de setores de forma estanque como o da agricultura, indústria, comércio e serviços, dentre outros. A razão decorre do fato de as atividades ficarem muito sistêmicas e integradas.

Nas últimas décadas, as nascentes do progresso técnico e da gestão mudaram e aportaram outras características para impulsionar a sociedade. As inserções dos países nas cadeias produtivas no mundo globalizado, com serviços terceirizados e fragmentados, passaram a ser as chaves para incrementar a produtividade e o crescimento econômico.

A agropecuária, no olhar da cadeia produtiva, é um dos elos sujeitos a transformações surpreendentes. Pela tecnologia, a planta pode fornecer componentes para a fabricação de milhares de outros produtos. O conhecimento embutido em uma semente é o mistério dessa ardilosa e verdadeira mágica.

No Acordo de Paris, formulado durante a COP-21, temos a dimensão do ponto no horizonte a que o agronegócio pode chegar nessa caminhada para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa. Basta focarmos na bioeletricidade, nos biocombustíveis, no sistema de plantio direto e na Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF). Essa é a base na formulação dos compromissos nacionais com as Contribuições Nacionalmente Determinadas, em inglês Nationally Determined Contributions (NDCs) para 2025.

O mundo contemporâneo atravessa a mais importante reconfiguração da ordem internacional desde o final da Segunda Guerra. O desenho geoestratégico do mapa-múndi tomará novos e imprevisíveis contornos nos próximos anos – do redesenho da relação EUA-China aos impactos sobre a estabilidade regional na Ásia Pacífico; da reaproximação EUA-Rússia ao desenvolvimento no Oriente Médio; da crise no processo de integração europeia e do Brexit à crise migratória e ascensão da direita na Europa; da relação estratégica Brasil-Argentina aos dilemas da América do Sul.

Internamente, para o médio prazo, os desafios são muito fortes do lado político brasileiro, diante da necessidade de reformas urgentes e essenciais nas áreas da previdência social, trabalhista e tributária – temas que serão amplamente discutidos no 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio, pois acreditamos que um novo Brasil só irá despontar após o enfrentamento dessas questões, que são cruciais para o seu desenvolvimento.

O agronegócio não está à deriva no remanso das águas. Boa parte das nossas lideranças parece compartilhar com mais entendimento as diretrizes a serem tomadas pelas políticas públicas. Temos de ter isso em vista quando olharmos para o amanhã.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), presidente da ABAG (gestão 2011/2018)

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