Terminamos 2020 com alguns questionamentos recorrentes. O que podemos esperar de 2021? Como será o Brasil pós pandemia? Afinal, a melhor definição de 2020 foi “DESAFIADOR”. Na linha do tempo, ainda é muito cedo para analisarmos os inúmeros impactos desse momento excepcional que o planeta está atravessando. O COVID-19 nos colocou num filme de ficção científica.
Países estagnaram, tendo que decidir procedimentos que exigiam decisões entre as precauções com a saúde da população ou a retomada da economia. Diante dessa situação surreal, alguns setores continuaram produzindo e crescendo, como foi o caso do agronegócio, setor essencial para abastecimento, o transporte e o escoamento de produtos agrícolas. Felizmente, diferente de outros países, não tivemos desabastecimento em nenhum momento.
Produtos como soja, milho, suco de laranja e proteínas animais tiveram os melhores ganhos com preços crescentes e associado ao dólar alto. As cadeias de hortaliças, frutas, flores, pescado, leite e ovos que possuem milhares de pequenos e médios produtores e que somam 85% das propriedades brasileiras com menos de 100 hectares, viveram dias de agonia.
O setor sucroenergético, que tinha tudo para crescer em 2020, com a queda do preço do petróleo, sofreu muito. O governo brasileiro perdeu uma grande oportunidade de se utilizar imediatamente da CIDE sobre o preço da gasolina, assim mitigando tamanha crise com impactos que ultrapassam os espectros econômicos, mas na saúde da população urbana, pois mais etanol significa menos emissões de poluentes e menos impacto no já colapsado sistema púbico de saúde em tempos de pandemia. Decisões políticas, além de coragem e pontualidade, demandam compreensão do momento para antecipação de crises.
No agro vivemos crise de imagem e por questões ideológicas, principalmente no tocante ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia. A Abag defende que o Brasil é uma potência agrícola e ambiental e elas precisam estar unidas, serem únicas. Ou seja, garantindo a segurança alimentar com sustentabilidade, vamos privilegiar quem faz do Brasil uma nação honesta. Para isso precisamos implementar o Código Florestal, com urgência.
Um dos sinais do período pós COVID-19 é uma realidade que priorizará a saúde, a sanidade e a sustentabilidade. Isso abre ao Brasil e ao mundo portas oportunas de um novo paradigma de desenvolvimento, numa visão moderna, verde, de baixo carbono e socialmente justa e integrativa. A principal lição para o futuro que tiramos é que não basta ser competitivo. O agro precisa mostrar para o mundo que a sustentabilidade ambiental é prioridade, assim como sua capacidade de garantir a segurança alimentar de do Brasil e pelo fornecimento
de alimentos para cerca de 200 países.
Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor (Gestão 2019/2021)
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