Há quase 30 anos, a ABAG está presente nas grandes ações disruptivas do agronegócio nacional. Quando o tema Amazônia ainda não tinha o vigor de agora, a ABAG já apoiava a moratória da soja. Quando a ótica ambiental ainda não tinha atração, a ABAG lançou o ARES (Instituto para o Agronegócio Responsável) e fez parte da construção da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Também foi protagonista em ações contra o desmatamento ilegal e a grilagem de terras. Defendeu o acesso à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Participou da promoção comercial do agro e sempre esteve junto nas discussões que pautaram a aprovação do Código Florestal.

São inúmeras ações históricas, corajosas e protagonistas a serviço do Brasil. Esses três anos à frente da Presidência da entidade foram de muito aprendizado. Nesse período, tentamos pautar uma nova ação, postura e comunicação do agro. Ao ver o grande número de empresas do setor participando da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), acredito que conseguimos ser parte importante desse processo de evolução. Em Glasgow, o mais salutar foi ver a coesão criada entre o setor privado e a sociedade civil. A agenda ESG veio para ficar.

O ano de 2021 foi mais um período desafiador, talvez mais no campo econômico do que no sanitário, comparado com 2020. Mesmo com tantas restrições, avançamos em algumas pautas. Sou otimista no longo prazo, apesar de entender que já estamos emprestando do futuro boa parte de nossa capacidade de investimento e de nossa parca poupança nacional. As decisões fiscais e econômicas adotadas em 2021 e a inação nas reformas de Estado nessa última década trarão malefícios duradouros. Mas o agro nacional já se acostumou com esse lamentável caos administrativo e cresceu apesar disso.

O ano de 2022 será crucial para o Brasil em relação à pavimentação de seu futuro dos pontos de vista econômico, de relações internacionais e do meio ambiente. No agro, temos uma única certeza: o preço das commodities sobe e cai. No momento em que ocorrem esses eventos cíclicos, o perfil da atuação mundial muda. Hoje, os países estão comprando a qualquer preço, de qualquer local, mas quando essa situação se inverter, quando as nações precisarem vender seus produtos, serão necessárias três coisas: integridade, confiabilidade e transparência. Caso contrário, não será possível acessar os mercados centrais.

O Brasil precisa trabalhar com urgência o critério G (Governança), da sigla ESG. Esse é o nosso maior problema. É importante saber qual o modelo de governança que o país irá adotar para realmente se tornar líder global em muitas áreas e explorar todos os seus potenciais competitivos. A largada foi dada em Glasgow.

Nossos maiores competidores nesse mundo digital são as disrupções que ocorrerão no mercado consumidor, fruto da melhoria contínua exigida pela própria sociedade e pautada na boa ciência. Resolvido o problema do atual desastre amazônico protagonizado pelo desmatamento ilegal, grilagem e garimpo ilegal, tudo patrocinado pelo alto escalão da criminalidade, seremos imbatíveis, pois somos a maior potência “Agroambiental” do planeta.

Aqui me despeço e agradeço a oportunidade que tive de estar à frente dessa entidade admirável e que continuará o seu compromisso de defender o agro brasileiro e o estado democrático e de promover a integração entre as cadeias produtivas. Saúde a todos!

Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor (gestão 2019/2021)

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