As primeiras ações e movimentos propostos pelo novo governo brasileiro acenderam um sinal de alerta, despertando a preocupação de alguns segmentos da economia nacional. Dentre eles, o agronegócio está no centro das atenções.
“Ainda há muitas incertezas em relação às perspectivas nas tratativas dos assuntos pertinentes ao agro nessa nova gestão presidencial, mas continuaremos a defender os interesses do segmento, sempre privilegiando o diálogo e o bom senso para as tomadas de decisão”, enfatizou Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), na abertura do evento promovido pela entidade, no dia 30 de janeiro, no Hotel Renaissance, em São Paulo.
“É fundamental que todos os players do setor atentem para as questões que envolvem o agro, principalmente agora quando se inicia um novo governo”, disse a Alvarenga para a plateia composta por membros da Academia Nacional de Agricultura, da SNA e de importantes líderes e representantes do setor, convidados a debater o momento atual do agronegócio e propor ações futuras em prol do segmento.
Segundo o presidente da Academia e da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Caio Carvalho, questões como competitividade, produtividade e sustentabilidade devem estar na pauta de toda e qualquer discussão que envolva a cadeia do agronegócio nacional.
“Há, no momento, certa preocupação, pois nessa fase de transição temos deparado com algumas ‘agressões’ ao agro. É preciso uma ação rápida e conjunta de todas as entidades do setor para que as coisas não saiam dos trilhos”, observou Carvalho.
Defesa dos produtores
A preocupação não faz parte apenas do cotidiano das entidades de classe, mas também tem ocupado a mente de uma parte fundamental da cadeia produtiva do setor: os produtores. Atento a esse movimento, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, deixou claro que a defesa dessa classe é um dos principais objetivos da entidade.
“Quem trabalha no segmento tem de conhecer o agro de hoje. É preciso deixar claro que vamos defender os interesses dos produtores a qualquer custo”, destacou o executivo, chamando a atenção para a necessidade de trazer para o agro outras instituições, como os bancos, por exemplo.
Diálogo e união
Ainda na ocasião, os participantes do encontro debateram a necessidade de união da classe e de diálogo com o governo. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ressaltou a importância de as lideranças do agro estreitarem o relacionamento com os governadores dos estados. “É preciso uma aproximação com o Parlamento, além de usar a força dos governadores. Mais do que isso, é preciso que a classe esteja unida, de forma consensual, ou seja, precisamos falar e agir em uníssono em prol do segmento”, pontuou.
Para o também ex-ministro Antonio Cabrera, os próximos quatro anos serão bastante difíceis e é preciso, além do diálogo, que os representantes do agro se unam em busca dos interesses comuns.
“O protagonismo no agronegócio brasileiro incomoda muito, não só aqui, como em outros países, principalmente na Europa. Por isso, precisamos aprender a falar com os consumidores europeus e quebrar esse dogma em relação aos produtos brasileiros”, salientou.
Novos membros da Academia
O evento também foi marcado pela cerimônia de posse de dois novos membros da Academia Nacional de Agricultura, o Secretário Extraordinário de Projetos Estratégicos do Governo de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e o vice-presidente de Relações Internacionais e Coordenação da Cadeia Produtiva do CNPC (Conselho Nacional da Pecuária de Corte), Sebastião Costa Guedes.
Afif Domingos destacou alguns pontos que ele considera fundamentais para que o agro continue sendo o setor mais importante para a economia nacional. “Para mantermos essa premissa, é preciso que tenhamos uma união menos setorial. Também temos de olhar mais para os pequenos produtores, pois são eles que têm a força e a mobilização em massa”, avaliou o secretário, que ainda fez referência às ameaças ao agro nesse novo governo. “É o perigo que nos levará à vitória”, profetizou.
Já Costa Guedes destacou a importância da valorização dos produtos oriundos do agronegócio nacional, tanto no Brasil quanto no exterior. “Temos de acreditar na qualidade daquilo que a gente produz. Esse é um dos caminhos para aumentarmos a credibilidade do nosso agro aqui e lá fora”, arrematou o vice-presidente do CNPC.
Também participaram do encontro o Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Antonio Julio Junqueira de Queiroz; o ex-deputado federal Jerônimo Goergen; o ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes; o pecuarista e proprietário das Fazendas Sant´Anna, Jovelino Mineiro; o presidente da Agroconsult, André Pessoa; o engenheiro agrônomo e professor sênior de agronegócio global do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Marcos Jank; o presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp/Cosag, Jacyr Costa Filho, além de outros representantes de entidades de destaque na cadeia do agronegócio nacional.
Por André Casagrande
Fonte: Equipe SNA
Foto de capa por Cristina Baran. Na foto: Guilherme Afif Domingos, secretário de Projetos Estratégicos de SP e novo membro da Academia Nacional de Agricultura; Caio Carvalho, presidente da Abag; ex-ministro Roberto Rodrigues; Antonio Alvarenga, presidente da SNA; João Martins, presidente da CNA e o produtor Jovelino Mineiro.
Comentários